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Perspectiva Semanal - 22 de abril a 26 de abril

Aproveite seu boletim Perspectiva Semanal, uma publicação com os destaques do mercado financeiro nacional e internacional na semana, com dados, indicadores e projeções da SulAmérica Investimentos.

Publicado em: 22/04/2024

Banco Central dá sinal de afrouxamento de forward guidance

Os preços de diversos ativos brasileiros mudaram de patamar nas últimas semanas. Houve alterações nos cenários externo e interno responsáveis por isso, e uma reação do Banco Central, que levou a uma mudança no nosso cenário para a taxa Selic.

Os dados de inflação e atividade mais elevados nos EUA levaram diversos membros do FOMC e do mercado financeiro a esperar um adiamento do início do ciclo de corte de juros. O mercado financeiro já chegou a esperar sete cortes de 25 pb em 2024 no início do ano, e estava esperando três cortes de 25 pb no final de março, igual à sinalização dada pelo FOMC no dot plot da reunião daquele mês, com a primeira queda podendo ocorrer em junho. No entanto, a comunicação dos membros do FOMC indica que eles serão mais pacientes e estão mais preocupados com o aumento da inflação nos três primeiros meses de 2024. Dessa forma, aumentam as possibilidades de cortes no 3º ou 4º trimestre, com algumas vozes até falando de não ter cortes nesse ano. Isso fez o dólar se valorizar contra todas as outras moedas, em especial de países emergentes, e fez os juros futuros subirem não apenas nos EUA, mas ao redor do mundo. Os juros de dois anos nos EUA passaram de 4,60% no final de março próximo de 5,00% na metade de abril.

Além desse estresse vindo do exterior, no Brasil houve o anúncio de mudança de meta fiscal. A PLDO 2025 (Projeto de Lei de Diretriz Orçamentária) indicou que o governo deve perseguir uma meta de primário menor em 2025 e nos anos seguintes. Para 2025 a meta passou de 0,5% do PIB para 0,0%, repetindo a meta de 2024. Para 2026 houve redução de 1% para 0,25%, e agora o resultado de 1% do PIB deve ocorrer apenas em 2028. Uma parte dessa piora fiscal era esperada, com as projeções do mercado sendo de déficit primário de -0,7% nesse ano e -0,6% no ano que vem, por exemplo, mas a sinalização dada pelo governo de afrouxamento da meta fiscal é sempre mal recebida pelo mercado, indicando menor vontade de realizar ajuste fiscal quando necessário. Os efeitos disso, junto com aprovações no Congresso de medidas de menor responsabilidade fiscal (aumento de gastos com funcionalismo, isenção de imposto de renda) levaram os juros futuros longos a subirem no Brasil ainda mais que em outros lugares, e a uma maior depreciação cambial que os pares em outros países emergentes.

Como resultado disso, as falas dos membros do COPOM mudaram o tom na última semana. Roberto Campos Neto, presidente do BC, deu indicações de que o forward guidance da última reunião (que apontava para queda de 50 pb na reunião de maio) estaria enfraquecido. Na interpretação da SulAmérica Investimentos, a fala de Roberto Campos Neto indica que uma queda de 50 pb na reunião de maio ocorreria apenas caso o nível de incerteza diminuísse até aquela reunião em comparação com os níveis vistos na semana passada. Caso os níveis ficassem elevados, poderia haver uma redução no passo (uma queda de 25 pb na reunião de maio). E caso a incerteza ficasse ainda maior, criando estresse global, poderia haver mudança de cenário base no Banco Central. Ou seja, na nossa interpretação, isso significa que o BC não prevê mudança significativa de taxa de juros terminal do ciclo com os níveis atuais de aversão ao risco, mas parece querer indicar redução no ritmo de corte, para 25 pb por reunião.

O cenário da SulAmérica Investimentos para a taxa Selic mudou. Levando em conta o câmbio mais depreciado, o aumento de preços de commodities e um possível reajuste de preço de gasolina, junto com essa comunicação do BC, achamos agora que o ritmo de corte de juros será de 25 pb em maio, seguido de mais três cortes de 25 pb nas reuniões seguintes. A taxa terminal no final do ciclo seria atingida em setembro, de 9,75%.

Agenda Semanal:

Dados de inflação no Brasil e nos EUA são destaques da agenda na semana

Nos EUA, a agenda da semana deve ter como destaques dados de inflação e crescimento, que podem trazer maior clareza para o Federal Reserve e para os agentes de mercado acerca dos próximos passos de política monetária. Na quinta-feira, será divulgado o PIB do 1° trimestre deste ano, que deve mostrar crescimento trimestral anualizado de 2,3%, ante 3,4% no dado anterior. Na sexta-feira, saem os dados de renda e consumo pessoais referentes a março, além da inflação medida pelo PCE. A expectativa dos analistas é de que o deflator do PCE mostre variação de 0,3% M/M, condizente com alta interanual de 2,6%. O núcleo também deve ter subido 0,3% na margem, fazendo com que a variação acumulada em 12 meses alcance 2,7%. Também merecem atenção as leituras preliminares dos PMIs de abril, a serem divulgadas na terça-feira.

Na Zona do Euro, os destaques da semana serão as divulgações prévias dos PMIs de abril, na terça-feira. É esperado que os índices mostrem ligeira melhora em relação aos dados de março, tanto no setor de serviços quanto no setor manufatureiro. O mesmo é esperado para os índices na Alemanha e no Reino Unido, mas com os índices de manufatura permanecendo em terreno contracionista.

Na Ásia, com a agenda chinesa de dados esvaziada, os mercados devem prestar atenção à divulgação de dados no Japão, em especial da reunião do Banco do Japão, na madrugada de sexta-feira.

No Brasil, será divulgado o IPCA-15 de abril, na sexta-feira, para o qual a expectativa mediana dos analistas é de 0,29% M/M, em linha com a projeção da SulAmérica Investimentos e abaixo da mesma leitura no mês anterior (0,36% M/M).

Agenda da semana