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Perspectiva Semanal - 22 de julho a 26 de julho

Aproveite seu boletim Perspectiva Semanal, uma publicação com os destaques do mercado financeiro nacional e internacional na semana, com dados, indicadores e projeções da SulAmérica Investimentos.

Publicado em: 22/07/2024

Governo federal anuncia cortes de gastos de R$ 15 bi

A comunicação sobre a política fiscal teve uma guinada nas últimas semanas. Houve uma deterioração entre abril e junho, com a mudança nas metas fiscais para 2025 e 2026, números muito fortes de crescimento de despesas obrigatórias e indicações de que o presidente não aprovava cortes de gastos sociais. Desde que a taxa de câmbio quase atingiu R$/US$ 5,70 no começo de julho, no entanto, houve uma mudança. 

Há duas semanas o governo federal indicou que anunciaria medidas de controle de gastos de médio prazo, visando tentar diminuir o crescimento dos gastos com benefícios sociais, como os gastos com previdência e benefícios de prestação continuada (BPC). Essas medidas focariam nos exageros das concessões, e teriam como objetivo reduzir os gastos em 2025 em R$ 25,9 bi. Observando o aumento em especial na concessão de benefícios no BPC e na diminuição da fila dos benefícios previdenciários por invalidez, esse número não parece irrealista e um pente fino nesses gastos poderia trazer economia dessa magnitude ou até maior.

Na semana passada foi anunciado que o governo faria uma redução nas despesas desse ano, 2024, de R$ 15 bi, sendo R$ 11,2 bi de bloqueio e R$ 3,8 bi de contingenciamento. O número veio em linha com a expectativa do mercado (entre R$ 10 e R$ 20 bi), mas foi uma importante sinalização de que o governo ainda tem responsabilidade fiscal e deve seguir as regras que limitam despesas contidas tanto no arcabouço aprovado ano passado como as que existem para atingir as metas fiscais (válidas desde a LRF, a Lei de Responsabilidade Fiscal de 2000). Os R$ 11,2 bi de bloqueio são importantes, em especial, ao indicarem o cumprimento da regra nova e por serem mais difíceis de serem revertidos no curto prazo (o contingenciamento poderá ser revertido em caso de surpresa positiva de arrecadação ou crescimento menor em outras despesas).

Na segunda-feira o governo trouxe alguns detalhes sobre essa redução de despesas feitas via bloqueio e contingenciamento, mas não todos os detalhes. O relatório de reavaliação de receitas e despesas do 3º bimestre é bem mais enxuto que o visto no 2º bimestre (13 páginas contra 57 páginas), com a maior parte dos detalhes do contingenciamento ficando para a próxima semana. Houve um detalhamento do bloqueio pelo menos, mostrando que dos R$ 11,2 bi, R$ 6,4 bi virão do BPC e R$ 4,9 bi dos benefícios previdenciários. Na parte da receita, foi vista uma redução considerável da premissa otimista de arrecadação com o voto de qualidade do CARF (de R$ 55 bi para R$ 33,7 bi), mas ele foi compensado por revisões altistas nas rubricas de receita administrada pela RFB (em especial IR, IPI, II e CSLL). 

A sinalização do governo tem ajudado a causar algum alívio nos ativos mais estressados, como taxa de câmbio e juros futuros, mas não foi o suficiente para recuperar plenamente a credibilidade no regime fiscal. Ainda acreditamos que o déficit primário deve ser maior que a meta do governo (que agora, pelo relatório de reavaliação de receitas e despesas, parece mirar na banda inferior da meta, de -0,25% do PIB).

Agenda Semanal

PIB e PCE nos EUA, e prévias dos PMIs são destaques da agenda internacional. No Brasil, IPCA-15 de julho ganha peso

Nos EUA, a agenda desta semana será movimentada, tendo como destaques dados de inflação e atividade. Na quarta-feira, serão divulgadas as leituras preliminares dos PMIs referentes a julho. É esperado que o PMI de Manufatura permaneça estável em 51,6, enquanto o PMI de Serviços deve recuar levemente de 55,3 para 54,8. Na quinta-feira, sai o PIB do 2° trimestre, que deve mostrar crescimento de 2,0% T/T anualizado, ante 1,4% observado no trimestre anterior. Também saem as encomendas de bens duráveis na leitura prévia de junho, que devem acelerar em relação ao ritmo verificado em maio. Na sexta-feira, por fim, serão divulgados os dados de renda e consumo pessoais referentes a junho, além da inflação medida pelo PCE. A expectativa consensual do mercado é de que a renda tenha crescido 0,4% M/m em junho, enquanto o gasto tenha subido 0,3% na margem. A inflação do PCE deve mostrar estabilidade nesta leitura, desacelerando para 2,5% em termos anualizados. O núcleo também deve desacelerar para o mesmo patamar na comparação interanual. 

Na Zona do Euro, os destaques da agenda incluem as divulgações das prévias dos PMIs de julho, na quarta-feira. O PMI de Manufatura deve permanecer em terreno contracionista, enquanto o PMI de Serviços deve subir marginalmente, de 52,8 para 53. 

Na Ásia, a agenda chinesa deve ficar esvaziada ao longo desta semana. No Japão, saem dados de atividade e inflação. 

No Brasil, o destaque da semana será a divulgação do IPCA-15 de julho, que será divulgado na quinta-feira. A expectativa da SulAmérica Investimentos, em linha com a mediana de mercado, é de variação de 0,23% M/M, ante 0,39% M/M no mês anterior. O dado preliminar de junho deve seguir mostrando variação mais intensa dos preços administrados, pressionados pela energia elétrica e pela gasolina, enquanto os preços livres devem desacelerar na esteira da descompressão em alimentos.

Agenda Semanal