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Perspectiva Semanal - 29 de julho a 02 de agosto

Aproveite seu boletim Perspectiva Semanal, uma publicação com os destaques do mercado financeiro nacional e internacional na semana, com dados, indicadores e projeções da SulAmérica Investimentos.

Publicado em: 29/07/2024

Copom e FOMC devem manter juros estáveis, mas com indicações divergentes

Nesta semana, ocorrerão reuniões de diversos bancos centrais ao redor do mundo, com destaque para EUA, Brasil, Japão e Reino Unido. Para dois desses é quase unânime entre analistas que deva ocorrer manutenção de juros no patamar atual, porém o cenário em torno dessa decisão é bem diferente.

Nos EUA, o FOMC (Comitê de Mercado Aberto do Federal Reserve, Banco Central dos EUA) deve manter a taxa de juros estável no intervalo entre 5,25% e 5,50%, mantendo-a no patamar que alcançou 12 meses atrás. No entanto, devem ocorrer novidades na comunicação. O conteúdo do comunicado e, em especial, a entrevista coletiva do presidente do Fed, Jerome Powell, após o fim da reunião devem trazer novidades. O linguajar deve ficar um pouco mais dovish, reconhecendo a mudança no balanço de riscos, com a desaceleração da inflação nos dados de abril, maio e junho e a piora nos dados de emprego, com diminuição no ritmo de criação de vagas na margem e aumento na taxa de desemprego. Assim, o Federal Reserve deve começar a indicar que pode reduzir a taxa de juros a partir da próxima reunião, em setembro. O Fed não deve corroborar que o ciclo de corte de juros seria contínuo (com queda em todas as reuniões seguintes) ou que poderia começar com corte de 50 pb, ainda sinalizando que deve ser prudente e fazer reduções moderadas (corte de 25 pb), não indicando que a queda de setembro ou dos meses seguintes seja garantida, falando que a taxa de juros não está em um caminho pré-determinado e que a decisão será tomada reunião a reunião. No entanto, ao final, ele deve indicar que a chance de queda de juros em setembro aumentou substancialmente.

No Brasil, por outro lado, o Banco Central do Brasil (BCB) deve ter uma pausa hawkish. A manutenção de juros na reunião passada, feita de forma unânime pelo Comitê de Política Monetária (Copom), foi decorrência da piora das expectativas de inflação, piora da percepção da situação fiscal e da depreciação cambial que decorreu disso. O Copom também indicou, em especial no Relatório Trimestral de Inflação, que a mudança na avaliação sobre a atividade, com o hiato do produto tendo zerado e o aumento da projeção do PIB para 2024, também levaram a essa decisão. Desde então, a taxa de câmbio brasileira voltou a se depreciar e as expectativas de inflação seguiram desancorando para os horizontes mais curtos (2024 e 2025). A atividade econômica deu sinais de força, com os dados de maio vindo bem mais fortes do que o esperado e mostrando pouco efeito da crise climática no Rio Grande do Sul. Por outro lado, as expectativas de inflação para horizontes mais longos pararam de piorar, e o governo federal deu indicações de maior responsabilidade fiscal. O resultado disso deve ser o Copom mantendo juros estáveis em 10,50%, mas reforçando a mensagem de que se manterá vigilante e que eventuais ajustes futuros na taxa de juros serão ditados pelo firme compromisso de convergência da inflação à meta, podendo mudar o linguajar para, inclusive, indicar que uma alta de juros pode ser mais provável.

Então, apesar de esses dois bancos centrais manterem juros estáveis na reunião desta semana, o linguajar em torno dessa decisão deve ser bem diferente.

Agenda Semanal:

Decisões de política monetária no Brasil e em economias desenvolvidas são destaques na agenda da semana 

Nos EUA, a agenda da semana será movimentada, tendo como destaques dados de emprego e a reunião do FOMC. Na terça-feira, sai a abertura de postos de trabalho do JOLTS referente a junho, que deve mostrar desaceleração em relação ao mês anterior (8,055 milhões vs. 8,140 milhões). Na quarta-feira, serão divulgados os dados do ADP de criação de vagas de emprego no setor privado em julho, que devem manter o ritmo observado em junho (150 mil), e o FOMC deve manter o intervalo da taxa básica de juros estável na reunião desta semana. Na quinta-feira, sai o ISM de Manufatura para julho, além da leitura prévia do Custo Unitário do Trabalho do 2° trimestre. Por fim, na sexta-feira será divulgado o payroll de julho, para o qual se espera a criação de 175 mil vagas de emprego. A taxa de desemprego deve permanecer em 4,1%, enquanto a taxa de variação dos ganhos salariais deve ter desacelerado para 3,7% A/A.

Na Zona do Euro, serão divulgados dados de inflação e atividade. Na terça-feira, o destaque da agenda será a divulgação do PIB do 2° trimestre, que deve mostrar crescimento de 0,2% T/T. Na quarta-feira, sai a leitura preliminar da inflação ao consumidor de julho. É esperada variação de -0,1% M/M, ante alta de 0,2% M/M observada no mês anterior. Na comparação interanual, a inflação deve ter variado 2,8%. No Reino Unido, o Banco da Inglaterra (BoE) tem reunião na quinta-feira, na qual é esperada queda da taxa de juros de 25 pb, para 5,0%. 

Na Ásia, a agenda chinesa terá como destaques nesta semana os PMIs de julho. Na quarta-feira, serão conhecidos os PMIs de Serviços e de Manufatura do NBS, que devem recuar marginalmente. O PMI de Manufatura deve permanecer em terreno contracionista (49,4), enquanto o PMI de Serviços deve cair de 50,5 para 50,2. Na quinta-feira, será conhecido o PMI Caixin de Manufatura, para o qual se espera um recuo de 51,8 para 51,5. No Japão, o BoJ deve manter a taxa de juros inalterada na reunião de quinta-feira.

No Brasil, o destaque da agenda da semana será a reunião do COPOM, na quarta-feira. A expectativa amplamente consensual do mercado e da SulAmérica Investimentos é de que o comitê mantenha a meta para a taxa Selic em 10,50% a.a. e adote tom de cautela na comunicação. Ao longo da semana, também sairão dados de atividade e emprego. Na terça-feira, será divulgado o CAGED de junho e, na quarta, a PNAD Contínua referente ao trimestre findo em junho. Na sexta-feira, sairá a produção industrial também referente a junho.